Entrevista exclusiva com o Dr. Cassio Vinhadelli, cirurgião bucomaxilofacial, relatando sobre caso de prótese sob medida para maxila atrófica.
Ser diagnosticado e tratado para tumores faciais pode ter um imenso impacto em um paciente, já que a ressecção cirúrgica de tumores orofaciais muitas vezes leva a considerável dificuldade (ou incapacidade) em mastigar, engolir e falar claramente, com importantes implicações psicossociais, já que, além de consequências funcionais negativas, os defeitos resultantes dos tratamento são com frequência desfigurantes.
Ser diagnosticado e tratado para radioterapia pode ter um imenso impacto em um paciente. A ressecção cirúrgica de tumores orofaciais para aplicação de próteses craniofaciais muitas vezes leva a considerável dificuldade (ou incapacidade) em mastigar, engolir e falar claramente, com importantes implicações psicossociais, que, além de trazerem consequências funcionais negativas, os defeitos resultantes dos tratamentos são frequentemente desfigurantes.
Não obstante o período de tratamento que resulta em danos funcionais e estéticos, a reconstrução cirúrgica dos distúrbios oriundos da radioterapia é desafiadora.
Pelo tratamento de tumores faciais ser de baixa especificidade local, a radioterapia acaba promovendo danos aos tecidos adjacentes ao tecido tumoral. Ela reduz a proliferação da medula óssea, colágeno e células periosteais e endoteliais da região sobre a qual é incidida. Mas em termos práticos, o que isso significa?
A região irradiada torna-se, então, de má qualidade ou de quantidade insuficiente de tecidos moles e duros. Isso costuma limitar as opções de tratamento. Ou seja: todas as alterações acima mencionadas comprometem a consolidação óssea e impedem a osseointegração efetiva dos implantes dentários na mandíbula.
Nesse panorama, algumas questões acabam sendo mais centrais e interferem de maneira mais direta e decisiva sobre o resultado final do tratamento de reconstrução cirúrgica:
Sim. Infelizmente, pacientes irradiados apresentam um risco de falha das próteses craniofaciais. Essa falha é de 2 a 3 vezes maior do que para pacientes não irradiados. E quanto maior a dose de radiação ou duração do tratamento, menor a qualidade e quantidade óssea presente para ancoragem e osseointegração dos implantes, ou seja: maior a chance de falha.
Estudos que compararam os intervalos (antes ou depois) da irradiação não mostram diferenças significativas nas taxas de sobrevivência das próteses craniofaciais. Isso significa que o dano da radiação acaba sendo o mesmo, independente de quando ela é realizada.
Não existem evidências em animais ou em humanos de que implantes específicos sejam superiores a outros no tratamento de pacientes com osso irradiado. O que se observa é que os implantes mais curtos apresentaram o pior prognóstico. Isso provavelmente está relacionado ao fato de que os implantes mais curtos são aqueles que estão expostos às maiores forças de carregamento.
Com esta última consideração, as próteses customizadas podem auxiliar especialmente por poderem levar em consideração a individualidade do paciente.
É sempre importante levar em consideração que os implantes colocados antes da radioterapia podem causar dispersão. Essa dispersão resulta em uma diminuição da dose administrada ao tumor e aumento da exposição ao tecido mole e osso adjacente ao implante, o que é indesejado.
Além disso, próteses craniofaciais que não permitem o acompanhamento da progressão da patologia não são adequadas em alguns casos. Deve-se optar por biomateriais radiotranslúcidos ou radiotransparentes. Eles permitem o acompanhamento imagiológico, como PEEK e io.vitrio (clique aqui e conheça este superbiomaterial).
A oxigenoterapia hiperbárica pode ajudar a revitalizar o osso, estimulando a angiogênese, levando a melhores taxas de sucesso. No entanto, a resposta observada pode variar de paciente para paciente. Assim, deve-se levar em consideração a indicação individual, inclusive a decisão de fazer ou não a cirurgia de reabilitação utilizando próteses craniofaciais.
É importante ressaltar que a radioterapia é um tratamento eficiente, adequado e bastante padronizado no tratamento de tumores de cabeça e pescoço.
Apesar de efeitos adversos colaterais, em nenhuma hipótese deve-se encarar a radioterapia como algo estritamente nocivo. Os efeitos negativos podem ser manejados com o auxílio de uma equipe multidisciplinar. Também podem ter abordagens adequadas e, com paciência, os resultados serão positivos.
Personalizar o atendimento e discutir os melhores protocolos para aquele paciente continuam sendo as melhores abordagens.
Ihde, S., Kopp, S., Gundlach, K., & Konstantinović, V. S. (2009). Effects of radiation therapy on craniofacial and dental implants: a review of the literature. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology, and Endodontology, 107(1), 56-65.
Granström, G. (2005). Osseointegration in irradiated cancer patients: an analysis with respect to implant failures. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, 63(5), 579-585.
Wu, Y., Huang, W., Zhang, Z., Zhang, Z., & Zou, D. (2016). Long-term success of dental implant-supported dentures in postirradiated patients treated for neoplasms of the maxillofacial skeleton: a retrospective study. Clinical oral investigations, 20(9), 2457-2465.
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Entrevista exclusiva com o Dr. Cassio Vinhadelli, cirurgião bucomaxilofacial, relatando sobre caso de prótese sob medida para maxila atrófica.
Ser diagnosticado e tratado para tumores faciais pode ter um imenso impacto em um paciente, já que a ressecção cirúrgica de tumores orofaciais muitas vezes leva a considerável dificuldade (ou incapacidade) em mastigar, engolir e falar claramente, com importantes implicações psicossociais, já que, além de consequências funcionais negativas, os defeitos resultantes dos tratamento são com frequência desfigurantes.